NO TEMPLO "Esse moleque tem só doze anos, Como pode saber tanto da Lei?” Assim se perguntava um dos decanos Do Templo. "Sabe coisas que eu não sei! - Quem é seu pai, sua mãe, de onde vem Sua família?" "Descende ela do Rei Davi; sou da cidade de Belém, Moro, porém, agora, em Nazaré; Viemos para cá, Jerusalém, Pra Páscoa; o meu pai chama José E é carpinteiro; a minha mãe, Maria; Meus pais são pobres, mas gente de fé E devoção, meditam noite e dia E me ensinam a Lei do Nosso Deus E Pai. Pois, como eu não aprenderia?" Se espantam com a resposta os fariseus E escribas junto dele. "Nunca vi Nenhum menino assim entre os judeus. Será mesmo da Casa de Davi? Mas é filho de carpinteiro, é pobre. Em todos esses anos que vivi No Templo, nunca vi filho de nobre Responder desse jeito que o menino Responde, até parece que descobre O que eu vou perguntar, como um rabino Já velho e bem treinado na Torá E nos Profetas, todo o seu ensino. E nem é de Levi, é de Judá! Nem mesmo entre os que aprendem junto aos pés Dos mais sábios dos nossos mestres há Quem saiba os mandamentos de Moisés Com pouca idade assim. - Cadê seus pais, Hein, rapaz? Tu já estás aqui há dez Horas, ou mais. Onde eles foram? "Faz Três dias que partiram da Cidade, Acho que me deixaram para trás Sem querer." "Que irresponsabilidade!" "Devem pensam que eu fui com algum parente, Logo eles voltam.” “Mas, com essa idade, Não estás com medo, não?" "Não, e quem sente Medo no Templo? O Pai cuida de mim." O escriba não o entende. De repente, José entra no Templo: "Ah, Elohim, Achamos." Logo atrás, Maria: "Ai, Graças a Deus! Por que fizeste assim? Estava aflita, assim como o teu pai." "Onde me procuráveis? Essa é a Casa De meu Pai, e das coisas de meu Pai Tratava. Não sabiam? Estou em paz." A Mãe e o pai não entendem nada. Após isso, o escriba sai, pois já se atrasa Pros ritos e orações, e os deixa a sós. "Shalom, garoto. Fica com o SENHOR." "Obrigado", responde com sua voz Juvenil, "por ficar comigo". "Por Nada. Qual é o teu nome?" "É Jesus." "Shalom, Jesus." "Shalom.” Esse doutor Da Lei, anos mais tarde, lá na Cruz, Zombava de Jesus crucificado: "Se ele é mesmo Cristo, como induz Muitos a crer (Que crime! Que pecado!), Pois que se salve!” Mas, Jesus, já quase em Seu último suspiro, lança o brado: “Perdoa, Pai... não sabem o que fazem.”
Olá.
Essa seria uma semana sem poemas. Mas, considerando a Semana Santa, modifico a programação e compartilho esse poema com vocês.
Uma primeira versão desse poema saiu no meu primeiro livro, Forma Amorfa (aqui, em PDF), mas essa versão agora publicada foi modificada pontual, mas sensivelmente - e melhorada, penso eu.
Além das óbvias referências bíblicas, esse poema é inspirado em outro, Et Foras Ploravit, de José Francisco Botelho. O poema, também longo, narrativo e baseado em tema pascoal, acompanhado de uma tradução sua para o francês do também poeta Wladimir Saldanha, pode ser lido neste link aqui.
P.S.: não haverá newsletter no Domingo de Páscoa. Tanto religiosos, quanto seculares terão coisa melhor para fazer nesse dia. No domingo do dia 27/4, voltamos à programação normal.
Boa Páscoa. E até.